Benefícios das terapias corporais

Texto extrato de meu projeto para doutorado. Sobre o beneficio da terapia corporal para transtornos do impulso

Dentro de uma compreensão neurobiológica do corpo, hoje se trabalha com dois tipos de percepções corporais: a propriocepção e a interocepção. A propriocepção refere-se à percepção de tensões musculares, postura e equilíbrio e a interocepção refere-se à percepção interna do corpo, o que inclui a pulsação cardíaca, a respiração, a saciedade e as sensações do sistema nervoso autônomo relativas às emoções. O termo interocepção foi recentemente redefinido como a percepção da condição fisiológica do corpo, o que inclui a entrada nervosa sensorial autônoma do corpo como um todo, incluindo respostas a dor e ao toque e é neuroanatomicamente distinta da propriocepção.

Dentro da literatura que estuda a interocepção e que cresce rapidamente, uma parte das pesquisas está se concentrando nas interfaces que existem entre a autopercepção de todas as sensações físicas internas e atividades cerebrais regionais, especificamente no córtex insular anterior. Essas atividades da insula, parecem prover uma meta-representação multifacetária do estado do corpo como um todo e incluir a experiência interna do corpo de emoções e de dor. Já foi experimentalmente comprovada que a associação entre percepção interoceptiva e sensações físicas causadas por emoções é um elemento chave na regulação de afetos, tomada de decisões e para o sentido de self. Variações de indivíduo para indivíduo na capacidade interoceptiva evidenciaram uma correlação com a espessura do córtex insular anterior direito, o que sugere potenciais efeitos de neuroplasticidade associados a percepção interoceptiva.

Em uma investigação sobre terapias corporais, os pacientes submetidos a técnicas diversas relataram uma mudança na sua percepção e consciência de si mesmo. Os pacientes explicitaram ainda dois aspectos dessa mudança de percepção: primeiramente, perceberam uma mudança na sua consciência e forma de experimentar afetos negativos e de responder aos mesmos, segundo os pacientes descreveram uma mudança na sua capacidade interoceptiva, percebendo e identificando melhor os sinais internos emitidos pelos seus corpos. Aprender a perceber, diferenciar e discernir as diferentes sensações corporais e a relação com as emoções levou aparentemente a uma facilitação no desenvolvimento das habilidades de autorregulação e autocuidado.