O termo falo na psicanálise

22/09/2018

Lacan o difere claramente do pênis, o colocando enquanto significante marcador da falta que organiza a cadeia de signifiantes. Não é assim a inveja do pênis de Freud aonde a mulher se sente deficitária e raivosa da mãe que a teria feito sem o pênis à sua imagem.

Se o falo não é o pênis (homem, masculino) por que o chamar de falo? Isso não remete à manutenção de uma hierarquia na diferença sexual?

Na teoria da sexuação quando lacan coloca de um lado homem e do outro mulher = esse significante são deíxis (em linguística, associação conceitual entre uma ocorrência de uma palavra cujo significado depende do contexto, e a entidade que essa ocorrência representa) é homem aquele que se reconhece nessa palavra, como na palavra « eu» se identifica aquele que está enunciando essa noção. Há portanto uma "ficção" do que significa homem e mulher. 

Em seu livro "O falo no jardim" - João Ângelo oliva neto, helenista, gregologo, vai dizer que a origem da palavra falus está no mito de Priapo: .
Deus da fertilidade que tem o pênis ereto permanentemente e é um hermafrodita! Ou seja não é um homem. Estatuas que homenageiam esse deus eram depositadas em jardins. Alegoria de jardim = vagina. O falo no jardim é o encontro sexual.
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Para Freud a vagina era aquilo que não tem representação, é o fracasso da representação, o buraco. João nos prova que ambos formam um conjunto, o falo é o penis e sua paisagem: a vagina.
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Templos hindus também trabalham com essa imagem: todas representações do falo = lingam e yoni -> falo emergindo da e imergindo na vagina.
O falo é uma mítica da fertilidade da colheita, do ciclo. .
O falo é portanto o representante da relação: pênis ereto remete ao que o deixou ereto, que não é seu estado natural! A mítica do tamanho desse pênis tem a ver com a causalidade, o que causa essa transformação. .
É uma mítica sobre o limite e o limiar entre os sexos. Não havia assim uma diferença binária para os gregos. Não havia passagem de um para o outro. Talvez por isso a homossexualidade era tão natural.
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Tem que se discutir o preconceito faliforme que fala de um dualismo da identidade orgânica X e as formas como a gente descreve essa identidade = os discursos -> ou você é realista, descreve organicamente X ou você é relativista e construtivista social! Essa oposição não serve para a psicanalise! A psicanalise não pensa dual. Existe o inalcançável, o desencontro, o negativo, o que não é feminino nem masculino! 

A mulher como binário que completa o homem não existe. Assim essas mulheres que sofrem no coletivo, teriam que abandonar a ideia de formar uma identidade em resposta ao homem. A potencia politica do significante "mulher" é muito grande em si!

O falo não esta do lado do homem, esta do lado do que representa essa descompasso: o hermafrodita.

Fonte: Vídeo YouTube da série falando nisso de Christian Dunker: o termo falo ainda é necessário? 

link: https://www.youtube.com/watch?v=bvB6wgWQaB0

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